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Posts Tagged ‘Galiza’

Buscavidas

Tomei o barco na Crunha
sem saber o que ia topar,
chorando polo que estava a deixar.
Destino: “América”, punha.

Perdim a terra de visa
e paguei com cinco pesos
um sanduíche ressesso,
ou seja, menu de turista.

O lar em que m’eu criei
fica na Costa da Morte.
A terra onde morarei…
Isso depende da sorte.

Escrito entre 2007 e 2008

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Rebelião

Foram ambos os dous pastar
A vaca, o touro, devagar
O touro sempre a abafalhar
A vaca dixo que está cansa

Trabalho arreu pra leite dar
Mas isto um dia vai finar
Levo já um tempo a me cansar
E vou deixar de ser tão mansa

A novela dixo não
Que viva a revolução!

Um dia destes vou deixar
De vos dar cousas pra tomar
O leite agre vai estar
Não comereis os meus filhinhos

Não vai haver mais abstenção
Já é suficiente abnegação
Uma pequena aclaração
Podo morar cos meus vizinhos

A novela dixo não
Que viva a revolução!

Tu, bravo touro, escuita bem
Que quede claro: sou alguém
Estou já farta de desdém
E de sentir-me decaída

Que saibas que vou ir além
Do sentimento de fraquém
E não me vai parar ninguém
Quero viver a minha vida

A novela dixo não
Que viva a revolução!

Publicado originalmente em Abril de 2005
Baseado em
La Gallineta de Lluis Llach


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Pensamento

Tu, que ficas em terras remotas
Tu, que sabes o que é a saudade
Tu, que és encarnado apatriota
Tu conheces esse sentimento de verdade

Como mente em liberdade
que não sabe de fronteiras
Como intensa afinidade
que aproxima duas beiras

Separa-nos um mar
Junta-nos um lugar
Separa-nos um tempo
Junta-nos um momento

Só tenho de aguardar
para ver-te voltar
Só tenho de esperar
pra fazer-te voar

Publicado originalmente em Março de 2005

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Compostela

Canto-che nesta noite, Compostela
Canto a esta cidade, meu Santiago
Canto-che porque o meu coração te anela
Canto-che porque o meu coração tens roubado

Nas tuas ruas sinto-me bem
como na casa
No resto do mundo sou estrangeiro
não sei o quê se passa

Sinto o peso dos bardos das idades
que deixarom seu saber nas antigas faculdades
Sinto a vida dos regatos pequenos
que enchem de forças desde os velhos até os nenos

Ouvim berros nas tuas ruas
Exigindo liberdade
O povo desta terra tua
Exigindo dignidade

Se vires chover em Santiago
é dum homem que só pode chorar
Ainda que outros caminhos tomar
de ti sempre estará namorado

Publicado originalmente em Fevereiro de 2005

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Na casa

É quando deixo os teus mares
Quando vejo neve doutras serras
É quando ouço língua estranha
Quando não piso as nossas branhas
É quando deixo as tuas terras
Quando desperto noutros lares

É essa dor no coração
Uma dor que não podo explicar
Com palavras não se pode expressar
Chegar de novo ao lar, essa emoção

Quero na minha terra estar, aginha
Invade-me um sentimento
Alguns chamam-no saudade
Outros chamam-no morrinha
Não dá chegado esse momento

Amor polas gentes, polo ar
Amor pola terra, polo mar

Já estou na casa

Publicado originalmente em Fevereiro de 2005

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A nossa terra

Vim ao mundo co luar
Sete estrelas sobre a terra
Nesta terra sopra o ar
e as gentes moram sem guerras

Terra de trasnos e meigas
de lendas e das queimadas
Terra de outeiros e veigas
dos mares e das montanhas

Terra de música e letras
de ferro e d’artesania
Terra de maios e festas
de feiras e romarias

Desde Vigo à Pastoriça
Até o Cabo Ortegal
Póvoa do Caraminhal
Esta terra é a Galiza

Publicado originalmente em Dezembro de 2004
Baseado na canção
Setestrelo de Berrogüetto

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