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Posts Tagged ‘Solidão’

Lágrimas de sal

Sempre vês a garrafa mediada
das lágrimas de sal do coração
que choras por seres tão desgraçada
por não teres um príncipe azul cão.
Não sabes se subir ou se baixar,
não sabes se dormir ou acordar.

Queres um cavaleiro ou um truão?
Queres um trapaceiro ou um galão?
Queres um guerrilheiro ou um langrão?
Queres um libertino ou um deão?
Não sabes se esquecer ou se lembrar,
não sabes se saber ou ignorar.

As coitas para ti são má piada
dum deus ou desse karma tão cabrão
que falam nas revistas de carnada
e ultimamente na televisão.
Não sabes se sorrir ou se chorar,
não sabes se cuspir ou se tragar.

 

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A luz do sol

Que será este brilho claro?
Será o sorriso da Lua?
Será este o meu faro?
Será esta luz a sua?

Poderei ter nele emparo?
Escapar já da cafua?
E fugir do desamparo,
da penumbra fria e crua?

Tenho lágrimas nos olhos.
Não acredito na sorte
de ultrapassar os escolhos,

de ter topado o meu norte,
ter fugido dos abrolhos,
ter escapado da morte.

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Trova IV

Há sobre a terra um espelho
para ela se observar,
desde o céu acariciar
o seu rosto branco e velho.

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Trova III

Quer absorver o calor,
enquanto à vida se aferra,
mas já dá sentido a dor
que a matará sobre a terra.

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Trova II

Céu cinzento, está a chorar
nos dedos dos rumorosos
estendidos pra tocar
a paixão do glorioso.

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Trova I

Noite sem lua, a chover,
águas silenciosas, frias,
aonde vão todas as rias,
aonde todas vão morrer.

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Como ovelha entre lobos

De várias cousas me decatei
Para alguns, evidentes, bem o sei
Vivemos neste mundo, sempre sem
Podermos confiar muito em ninguém
Mas fazemos esforços pra topar
Gente em que podermos repousar

As nossas inquedanças
Os íntimos temores
Pra dar-nos afirmança
Pra serem defensores
Em tempos de bonança
E quando houverem dores

Como ovelha entre lobos
Coelho entre raposos
Como neno probo
Num lugar enganoso

Publicado originalmente em Maio de 2005

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A estátua

Despertou na habitação
como outros dias passados
Bem pouca imaginação
pra um conto ter começado

Achegou-se a um espelho
pra a cara toda pintar
Os cabelos apartar
Pô-los juntos num arelho

Pôs um trapo como roupa
duas sandálias por sapatos
Da casinha saírom ratos
Semelhava uma cachoupa

Saiu já para a rua fria
pra o seu dinheiro ganhar
O trabalho consistia
em ergueito o tempo estar

E foi que durante esse dia
Passadas horas des’ que se pôs
O seu corpo qual estátua se dispôs
Não se moveu, não respondia

Saírom bágoas dos olhos
vendo-se tão impotente
Ter de sofrer os abrolhos
duma situação incoerente

Fica imóvel como um busto
como imagem quotidiana
Próximo a uma fontana
com o seu semblante adusto

Publicado originalmente em Abril de 2005

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O tempo

Às vezes apenas duvido
se tudo será um sonho
de que não podo despertar
A minha vida num suspiro
um suspiro em que morro
e não podo senão afogar

O tempo pode comigo
Nunca, nunca se detém
Inexorável como é
Da minha existência é testigo

Não sei cara onde vou
Apenas sei donde venho

Caminhos que são vidas
Vidas que são caminhos
Estão cheios de cruzes
De múltiplos destinos

O tempo, que tudo nos dá
O tempo, que tudo nos quita
O tempo, estrada maldita
que todos devemos caminhar

Os carreiros têm espessa névoa
que impede vermos os finais
Mas, será que não há destino
Mas, será o tempo quem dirá

Publicado originalmente em Fevereiro de 2005

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Polo meu carreiro

Vou só polo meu carreiro
dependendo apenas de mim
Cargo muito peso nos ombros
e por isso muito sofrim

A intensa dor nas costas
As muitas fantasias mortas
Os berros que não saírom
As bágoas que não caírom

Seguirei
Porque este é o meu caminho

Publicado originalmente em Janeiro de 2005

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