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Posts Tagged ‘Saudade’

Trova IV

Há sobre a terra um espelho
para ela se observar,
desde o céu acariciar
o seu rosto branco e velho.

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Trova III

Quer absorver o calor,
enquanto à vida se aferra,
mas já dá sentido a dor
que a matará sobre a terra.

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Trova II

Céu cinzento, está a chorar
nos dedos dos rumorosos
estendidos pra tocar
a paixão do glorioso.

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Trova I

Noite sem lua, a chover,
águas silenciosas, frias,
aonde vão todas as rias,
aonde todas vão morrer.

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Buscavidas

Tomei o barco na Crunha
sem saber o que ia topar,
chorando polo que estava a deixar.
Destino: “América”, punha.

Perdim a terra de visa
e paguei com cinco pesos
um sanduíche ressesso,
ou seja, menu de turista.

O lar em que m’eu criei
fica na Costa da Morte.
A terra onde morarei…
Isso depende da sorte.

Escrito entre 2007 e 2008

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Pensamento

Tu, que ficas em terras remotas
Tu, que sabes o que é a saudade
Tu, que és encarnado apatriota
Tu conheces esse sentimento de verdade

Como mente em liberdade
que não sabe de fronteiras
Como intensa afinidade
que aproxima duas beiras

Separa-nos um mar
Junta-nos um lugar
Separa-nos um tempo
Junta-nos um momento

Só tenho de aguardar
para ver-te voltar
Só tenho de esperar
pra fazer-te voar

Publicado originalmente em Março de 2005

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Compostela

Canto-che nesta noite, Compostela
Canto a esta cidade, meu Santiago
Canto-che porque o meu coração te anela
Canto-che porque o meu coração tens roubado

Nas tuas ruas sinto-me bem
como na casa
No resto do mundo sou estrangeiro
não sei o quê se passa

Sinto o peso dos bardos das idades
que deixarom seu saber nas antigas faculdades
Sinto a vida dos regatos pequenos
que enchem de forças desde os velhos até os nenos

Ouvim berros nas tuas ruas
Exigindo liberdade
O povo desta terra tua
Exigindo dignidade

Se vires chover em Santiago
é dum homem que só pode chorar
Ainda que outros caminhos tomar
de ti sempre estará namorado

Publicado originalmente em Fevereiro de 2005

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Na casa

É quando deixo os teus mares
Quando vejo neve doutras serras
É quando ouço língua estranha
Quando não piso as nossas branhas
É quando deixo as tuas terras
Quando desperto noutros lares

É essa dor no coração
Uma dor que não podo explicar
Com palavras não se pode expressar
Chegar de novo ao lar, essa emoção

Quero na minha terra estar, aginha
Invade-me um sentimento
Alguns chamam-no saudade
Outros chamam-no morrinha
Não dá chegado esse momento

Amor polas gentes, polo ar
Amor pola terra, polo mar

Já estou na casa

Publicado originalmente em Fevereiro de 2005

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O tempo

Às vezes apenas duvido
se tudo será um sonho
de que não podo despertar
A minha vida num suspiro
um suspiro em que morro
e não podo senão afogar

O tempo pode comigo
Nunca, nunca se detém
Inexorável como é
Da minha existência é testigo

Não sei cara onde vou
Apenas sei donde venho

Caminhos que são vidas
Vidas que são caminhos
Estão cheios de cruzes
De múltiplos destinos

O tempo, que tudo nos dá
O tempo, que tudo nos quita
O tempo, estrada maldita
que todos devemos caminhar

Os carreiros têm espessa névoa
que impede vermos os finais
Mas, será que não há destino
Mas, será o tempo quem dirá

Publicado originalmente em Fevereiro de 2005

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Polo meu carreiro

Vou só polo meu carreiro
dependendo apenas de mim
Cargo muito peso nos ombros
e por isso muito sofrim

A intensa dor nas costas
As muitas fantasias mortas
Os berros que não saírom
As bágoas que não caírom

Seguirei
Porque este é o meu caminho

Publicado originalmente em Janeiro de 2005

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