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Archive for 29 de Junho, 2009

Aqueles das almas pobres

Tenho fome

Meus pais estão mortos
por me darem comida
Meus pais estão mortos
por me darem suas vidas

Não há mais nada
A minha existência está já condenada

Olho à outra beira do rio
onde vivem os que tudo têm
Vinherom roubar o nosso
e não nos deixarom rem

Por que nada têm
aqueles dos corações nobres?
Por que tudo têm
aqueles das almas pobres?

Não o entendo

Por que nos abandonarom?
Por que os nossos deuses marcharom?

Acaso… o saibam eles

Os outros sempre querem mais
Nós cada vez temos menos

Por quê?

Publicado originalmente em Novembro de 2004

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No nome dum deus

No nome dum deus
tomarom as armas
No nome dum deus
venderom as almas

Saírom pra salvarem
Saírom pra matarem

Com uma única voz
e uma única opinião
Quem não a compartilhar
levará boa comunhão

Maus presságios
os que trouxe o Grande Irmão
Mau futuro
o que estas gentes criarão

Publicado originalmente em Novembro de 2004

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A ritmo de jazz

Caminho pola vida
a ritmo de jazz
O que quer dizer isto?
Seguir o compass’

Seguir o compass’
e manter certa harmonia
mas fazer nova experiência
de cada um dos novos dias

A vida é uma canção
Só tens de escuitar
começar a bailar
E o resto… vem só

Baila comigo
Improvisemos

Na canção da nossa vida

Publicado originalmente em Novembro de 2004

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Um berro silencioso

Foi um dia sem mo propor
O dia em que te topei
Não sei bem o quê se passou
Mas até os teus olhos cheguei

Observei-nos
e afoguei neles

Nesse mar
Nesse bosque
Nesse ceu

Tanto me diziam
Tanto me queriam

Falarom sem palavras
Um berro silencioso

E como uma cadência
sustendo o êxtase
Tudo aconteceu

Publicado originalmente em Novembro de 2004

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Chove

Chuva que cai sem parar
A rádio na língua de Camões e de Pondal
Desligo a rádio… Silêncio…
suavizado polas pingas que caem

Cessam as pingas

Silêncio…

Olho pola janela
O dia gris, as nuvens
Os rumorosos têm frio
no monótono pingar

O mundo detém-se…

Como se não houvesse vida…

No silêncio do valeiro

Publicado originalmente em Outubro de 2004

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Grândola, a tua vontade

Escuito na rádio a Grândola
Esse coro que não cessa
As pegadas sobre a areia
Os olhos, algumas bágoas

Ruas enchidas de gente
Berrando por liberdade
Terra da fraternidade
Luitam é polo que sentem

Vem-me direto à cabeça
Grândola, Vila Morena
Faz que já nunca o esqueça

O povo é quem mais ordena
Palavras sem cainheça
Escuitar pagou a pena

Publicado originalmente em Outubro de 2004

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Sim à vida

Sangue derramado,
Ira não contida,
Miradas perdidas,
À minha mente vêm
Vidas interrompidas.

Içaremos liberdade,
Democracia, a verdadeira;
Alçai a voz todos juntos
No nome da paz sem fronteiras.

Opressão é o que dão,
Muita dor e mais angústia.

Ainda se alguém os apoia
Outras luitas há mais justas.

-Tomai a paz, sem armas
Emblemas da opressão.

Roubastes já muitas vidas,
Roubastes também ilusões.

Ódio engendrais na gente,
Risco de luita entre irmãos,
Inocentes, dominados
Sempre polas mesmas mãos.

Morte, sangue e dor causareis.

Ódio, fúria e raiva obtereis.

Publicado originalmente em Outubro de 2004
Escrito em Março de 2004

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Sábado à noite

Caminho contra o vento
Sinto a chuva nos ombros

Frio

A chuva não cessa
como se quisesse botar-me da rua

Vento

Vejo um gato solitário
Olha-me, como a pedir ajuda

Os seus olhos falam sós

Passam as horas
Perdo a consciência

Não vejo a hora de me perder
no meu mar de pensamentos

O mar…

Publicado originalmente em Outubro de 2004

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Berro

És como um cancro
que se estende polo meu corpo

Como um ouriço
que achegando-se me mata

Fás-me dano
e não podo tirar-te de mim

O tempo em que fum feliz passou
e não voltará mais

Sai de mim! Deixa-me viver!

Quero que remate o sofrimento!

Quero matar as pantasmas dos meus sonhos
tornadas em demos dos meus pesadelos

Quero abrir os olhos e não ser
esse neno que não pode caminhar

Quero fechá-los e não ter
esse peso que me impede respirar

Quero querer…

… e que me queiram.

Publicado originalmente em Outubro de 2004

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Como um peixe no mar da sociedade
Como uma nuvem no ceu da vida

Só entre a multidão…

Uma pinga da auga do mar
Uma essência dum pequeno lar

Só…

Manuel António refletido
nesse mar em que cantava

Um berro onde ninguém o ouve

Um raio onde ninguém o vê

Só…

Publicado originalmente em Outubro de 2004

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