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Archive for 30 de Junho, 2009

Vint(e)

Chegam os vinte anos
E passa o tempo fugindo
Do ser, dos olhos, das mãos
Vai-se do corpo, ferindo

Mas ainda podo tomar
Força do meu interior
E ao vento poder cantar
Ainda um verso maior

Com o vento respirar
Fundir-me com as marés
Ou com a chuva chorar
Fico com uma das três

Ouvir do rosmar dos pinheiros
Co tato da erva sorrir
Perder-me por um carreiro
Topar-te quando os olhos abrir

Publicado originalmente em Maio de 2006
Baseado em
Ara que tinc vint anys de Joan Manuel Serrat


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Despedida

Bem raro e estranho,
seguro che parece,
que che escreva estas linhas,
quase não me conheces

Mas há quem diz que quando
se for um conhecido
havemos de estar juntos,
não ficar adormecidos

E como despedida
para estas breves linhas,
desejo muita sorte
e que isto te conforte,
que longe ou bem cerquinha
serás bem acolhida.

Publicado originalmente em Junho de 2005

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Como ovelha entre lobos

De várias cousas me decatei
Para alguns, evidentes, bem o sei
Vivemos neste mundo, sempre sem
Podermos confiar muito em ninguém
Mas fazemos esforços pra topar
Gente em que podermos repousar

As nossas inquedanças
Os íntimos temores
Pra dar-nos afirmança
Pra serem defensores
Em tempos de bonança
E quando houverem dores

Como ovelha entre lobos
Coelho entre raposos
Como neno probo
Num lugar enganoso

Publicado originalmente em Maio de 2005

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Cidade do saber

Eis uma pequena cidade
Cidade do saber, do pensamento
Dona de inquedanças
Procurava o conhecimento

As suas portas pechava
Se havia um pequeno problema
As grandes cidades vizinhas
Acusavam-na de blasfema

Estas, com o poder todo
Os que mandam, grosso modo
Ela, resistindo as ofensivas
Impassível, pensativa

Aguentando trevoadas
Suportando tempestades
Manifesta agressividade
Turbulentas arriadas

Mas ia chegar o dia
Em que a história acabaria
Mas ia o dia ter chegado
Em que a história tivesse finado

Não está escrito como foi
Cronista nenhum deixou palavra
Sabido é que não obra de herói
É assim que um futuro se lavra

Ainda que a história não acabou
A paz é mantida com grande esmero
E a calma ao país retornou
E as gentes em paz viverom

Publicado originalmente em Abril de 2005

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A estátua

Despertou na habitação
como outros dias passados
Bem pouca imaginação
pra um conto ter começado

Achegou-se a um espelho
pra a cara toda pintar
Os cabelos apartar
Pô-los juntos num arelho

Pôs um trapo como roupa
duas sandálias por sapatos
Da casinha saírom ratos
Semelhava uma cachoupa

Saiu já para a rua fria
pra o seu dinheiro ganhar
O trabalho consistia
em ergueito o tempo estar

E foi que durante esse dia
Passadas horas des’ que se pôs
O seu corpo qual estátua se dispôs
Não se moveu, não respondia

Saírom bágoas dos olhos
vendo-se tão impotente
Ter de sofrer os abrolhos
duma situação incoerente

Fica imóvel como um busto
como imagem quotidiana
Próximo a uma fontana
com o seu semblante adusto

Publicado originalmente em Abril de 2005

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Rebelião

Foram ambos os dous pastar
A vaca, o touro, devagar
O touro sempre a abafalhar
A vaca dixo que está cansa

Trabalho arreu pra leite dar
Mas isto um dia vai finar
Levo já um tempo a me cansar
E vou deixar de ser tão mansa

A novela dixo não
Que viva a revolução!

Um dia destes vou deixar
De vos dar cousas pra tomar
O leite agre vai estar
Não comereis os meus filhinhos

Não vai haver mais abstenção
Já é suficiente abnegação
Uma pequena aclaração
Podo morar cos meus vizinhos

A novela dixo não
Que viva a revolução!

Tu, bravo touro, escuita bem
Que quede claro: sou alguém
Estou já farta de desdém
E de sentir-me decaída

Que saibas que vou ir além
Do sentimento de fraquém
E não me vai parar ninguém
Quero viver a minha vida

A novela dixo não
Que viva a revolução!

Publicado originalmente em Abril de 2005
Baseado em
La Gallineta de Lluis Llach


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Perguntas

Já não creio ser quem digo
Já nem digo ser quem creio

Quem sou?

De quem é esse riso?
De quem esses olhos?

Quem é esse rosto?
Quem fala polos meus beiços?

A minha breve e longa existência

Cheia de perguntas sem respostas
Cheia de respostas sem perguntas

A minha vida resumida
Numa breve e longa frase
Numa pergunta não formulada
Numa pergunta não respondida

Por quê?

Publicado originalmente em Março de 2005

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Parabéns

Mais uma volta deu o nosso mundo
durante um longo e fadigoso ano.
Não che digo esta frase em castelhano
que por ser tu seria algo jucundo.

E, dos dous quartetos, polo segundo
sem eu querer, já che estou, de piano,
mas não quero que te dês a engano:
pode ser um soneto verecundo.

Quereria ser parte dos teus sonhos
e poder sacar-te dos pesadelos,
ver o teu rosto contente e risonho,

ser quem de dar-che os íntimos anelos
para não vê-lo sombrio e tristonho
e entrar do teu coração no castelo.

Publicado originalmente em Março de 2005

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Essa poça escura

Caem as figuras
As imagens morrem
Finam estruturas
Os segundos correm

Chegam novos tempos
para o nosso mundo
Mas alguns pretendem
retornar ao fundo

Essa poça escura
Essa vida dura
Povos silenciados
Sonhos acabados

Pai assassinado
Filho passeado
Uma afogadura
Uma ditadura

Publicado originalmente em Março de 2005

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Pensamento

Tu, que ficas em terras remotas
Tu, que sabes o que é a saudade
Tu, que és encarnado apatriota
Tu conheces esse sentimento de verdade

Como mente em liberdade
que não sabe de fronteiras
Como intensa afinidade
que aproxima duas beiras

Separa-nos um mar
Junta-nos um lugar
Separa-nos um tempo
Junta-nos um momento

Só tenho de aguardar
para ver-te voltar
Só tenho de esperar
pra fazer-te voar

Publicado originalmente em Março de 2005

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